terça-feira, 1 de abril de 2008



A lista de pessoas famosas que foram infectadas pelo hiv da Wikipedia é muito interessante. Alguns nomes que me chamaram atenção foram: Liberace (pianista), Michel Foucault (filósofo), Andy Bell (vocalista do Erasure) e Isaac Asimov (escritor de ficção-científica). Foucault eu já sabia, mas os demais foram uma surpresa, principalmente Isaac Asimov. Mas um nome que não consta na lista é o de Jason Gould, filho de Barbra Streisand, uma das grandes fomentadoras de fundos de pesquisa e campanhas de prevenção.
Esta lista mostra não apenas atores, músicos e escritores, mas também casos de infecções cientificamente notáveis: Robert R., um adolescente negro do Missouri que morreu em 1969 (!) de uma doença desconhecida, só identificada 12 anos depois (é considerado o primeiro caso de aids nos EUA). Também estão na lista Arvid Noe, marinheiro norueguês morto em 1976, e Margrethe Rask, médica dinamarquesa que trabalhava no Zaire e começou a apresentar sintomas da doença em 1974, morrendo em 1977.
Também nesta lista o "paciente zero", Gaëtan Dugas, comissário de bordo franco-canadense morto em 1984, aos 31 anos. A teoria que atribuía a Gaëtan o papel de disseminador da doença na América do Norte foi derrubada, mas sua fama permanece até hoje, coitado.
Essa história ainda rendeu o filme canadense Paciente Zero, do diretor John Greyson, um musical muito bem humorado que na verdade foi um manifesto contra o estudo científico que teorizou sobre esse tal paciente 0 e o sensacionalismo da grande mídia que impregnou a mente das pessoas com a idéia de doença gay.
Um fato é que a revolução sexual dos anos 70, e a conseqüente mudança no comportamento das pessoas, foi um dos fatores determinantes para o boom da doença, principalmente no meio gay. Talvez por serem livres para o sexo facilmente conseguido nos clubes gays de São Francisco, foram os homossexuais da capital gay do mundo que despertaram a atenção dos médicos para a desconhecida doença. O uso de drogas injetáveis também contribuiu em grande parte para a disseminação entre os heterossexuais. A partir daí, transfusões de sangue passaram a ter um papel importante na disseminação do hiv.
Alguns registros indicam que havia pacientes com sintomas da aids desde as décadas de 30 e 40 do século passado. Há uma amostra de plasma do sangue datada de 1959, atribuída a um homem da Zaire (República Democrática do Congo), que já continha o hiv.
Qualquer teoria que tente localizar geograficamente (África? Haiti?) o surgimento da aids ou que culpe um grupo específico (homossexuais?) acaba esbarrando em questões muito sensíveis e à ciência interessa muito mais chegar a vacinas e remédios que erradiquem definitivamente o hiv.
Por outro lado, teorias conspiratórias também carecem de respaldo e servem apenas para alimentar as mentes fantasiosas com história escabrosas de experimentos científicos, armas biológicas etc. Os negacionistas são os que mais adotam essas teorias e ajudam a difundir a noção de que o hiv não existe e a aids é causada pela pobreza ou pelos próprios medicamentos.

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