terça-feira, 14 de dezembro de 2010

confusões hiv x htlv


Há alguns meses decidi cancelar meu plano de saúde individual e ficar apenas com o da empresa. Para isso, consegui um arranjo interessante: minha médica (particular) vai continuar prescrevendo todos os exames pertinentes ao hiv numa guia do SUS e eu os farei num centro de referência. Os demais exames (hemogramas, colesteróis, açúcares, hepatites etc.) serão feitos pelo plano de saúde da empresa de modo que nunca chegará ao conhecimento deles (a galera do meu trabalho) o meu status. Achei o arranjo bem mais do que satisfatório.
Mas daí, minha médica me pediu para fazer exames gerais (nada de CD4 nem carga viral) num laboratório xyz. E assim o fiz.
Fui ao laboratório em jejum e, seguidos todos os procedimentos padrão, fui chamado para a picada. Antes,já com o braço esticado sobre o apoio, a técnica de vampirismo me pediu para assinar um termo. "Isso é para quê?", perguntei. "Isso é para o exame de hiv", ela respondeu. "HIV?!?!?!?! CA-RA-LHO!!!" não disse, mas pensei. Controladamente, murmurei: "Deve haver algum engano, não foi pedido hiv."
Retornei à recepção e pedi que fosse revisto o pedido. Logo, a atendente, coitada, disse que o pedido era de HTLV-1 e HTLV-2, mas sempre que ela joga no sistema, aparece hiv. Eu falei: "O erro pode até não ser seu, mas esse sistema está causando uma grande confusão e vocês estão fazendo exames de hiv sem necessidade e deixando de fazer os exames certos. E isso é um erro grave, a meu ver." A outra que veio ajudá-la a refazer os pedidos no sistema minimizou minha afirmação e logo me recolocaram frente à frente com a vampira para fazer os exames pedidos, desta vez sem hiv.
Vale esclarecer a confusão:
Em 1984, cerca de um ano após Montagnier (França) anunciar a descoberta do LAV (vírus associado à linfoadenopatia), Robert Gallo (EUA) publicou a descoberta e o isolamento do HTLV-3. Posteriormente se descobriu que o vírus de Gallo (HTLV-3) era geneticamente idêntico ao de Montagnier (LAV). (Wikipedia)

Ou seja, o hiv foi batizado 3 vezes:
em 1983, por Montagnier, como LAV;
em 1984, por Gallo, como HTLV-3;
em maio de 1986, o Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus finalmente determinou que ambos os nomes deveriam ser deixados de lado e resolveram o impasse com um novo nome, o HIV. (aqui, a história dos primeiros anos da aids e do hiv, em inglês).


"Agora, o que diabos é o HTLV?" pergunto eu (e você também deve estar se perguntando).

Lá vai:


O que é vírus HTLV?
Resposta: O vírus HTLV (sigla da língua inglesa que indica vírus que infecta células T humanas) é um retrovírus isolado em 1980 a partir de um paciente com um tipo raro de leucemia de células T. Apresenta dois tipos: O HTLV-I que está implicado em doença neurológica e leucemia, e o tipo 2 (HTLV-II) que está pouco evidenciado como causa de doença.

Todas as pessoas que estão infectadas pelo HTLV-I irão desenvolver alguma doença?
Resposta: Não. A minoria (menos de 1%) dos portadores assintomáticos poderão desenvolver alguma doença. No Japão, por exemplo, 14 em cada 1500 portadores assintomáticos poderão desenvolver a doença neurológica (dificuldade de andar). No caso de leucemia o risco é ainda menor, ou seja, um em cada 10.000 (0,01%) portadores poderá desenvolvê-la ao longo da vida.

Quais os modos de transmissão mais freqüentes do HTLV?
Resposta: O HTLV possui as mesmas rotas de transmissão que outros vírus como vírus da imunodeficiência humana (HIV) e vírus da hepatite C (HCV): pela relação sexual desprotegida com uma pessoa infectada; uso em comum de seringas e agulhas durante a droga-adição; da mãe infectada para a o recém-nascido (principalmente pelo aleitamento materno).

Quais as pessoas que deveriam ser testados para HTLV?
Resposta: Sabendo os modos de transmissão, podemos indicar os grupos que mais poderiam estar expostos a este vírus: pessoas que utilizam (ou usaram) drogas endovenosas onde trocavam seringas ou agulhas, pessoas portadoras de HIV e pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1993.

Como se faz o diagnóstico da infecção pelo HTLV-I?
Resposta: Somente por exame sorológico específico para pesquisa de anticorpos anti-HTLV-I/II no sangue. Após os exames de triagem, geralmente utilizando teste de ELISA, existe uma necessidade, em caso deste teste ser reativo (positivo) da realização do teste para confirmar e diferenciar anticorpos anti-HTLV-I e anti-HTLV-II.
(do site sobre htlv)



Entendeu a diferença?

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