Outro dia, eu abri uma página do dicionário informal online e deparei com algumas gírias para o hiv: tia, vírus da morte, pan e veneno. Curiosamente, os antônimos são liberdade, cura e milagre.
Daí, bateu-me a curiosidade de ver quais gírias foram ou ainda são usadas para o hiv e a aids. Lembro-me bem de quando não se falava o nome da doença, apenas se dizia "a maldita", como em "fulano parece estar com a maldita".
"Tia" era mais comumente usada entre travestis de baixa renda e servia de eufemismo para tirar o peso do nome da doença. Também entre elas, ser soropositivo era ter o "sangue sujo", lembrando que a palavra sujeira tem o peso da doença e também um juízo moral, como se o fato de se ter o sangue sujo falasse algo da índole da pessoa ou ainda uma certa culpabilização.
Entre as putas e travestis, havia uma forma carinhosa de se referir à contaminação pelo hiv: "passar o doce ou "receber o doce", como em "foi a fulana que passou o doce pra maricona" ou "a fulana recebeu o doce daquele ocó". Muito meigo.
Lembra um pouco as gírias inglesas que se referem aos "gift givers", presenteadores ou aqueles que dão o "presente" -- transmitem o hiv aos "bug chasers" (hiv- que procuram se infectar) em "bug parties" (festas onde homens sorodiscordantes -- hiv+ e hiv- -- transam sem proteção com o intuito de propogar o vírus).
Outra forma mais genérica de se referir à transmissão de doença é "carimbar".
Uma mulher portadora do hiv, por exemplo, é uma "mulher chumbinho", mas essa eu acho que está mais para a turma do funk e aquelas meninas que chamam os outros de ném. Não me lembro de ter ouvido esta gíria entre minhas amigas travas.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
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2 comentários:
Adorei seu blog!! Muito bom!!! Citei esse seu post em minha postagem hoje. Sucesso e continue sempre escrevendo!
obrigado, amigo! gosto muito do teu blog também. abs!
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