sexta-feira, 27 de junho de 2008

hiv strikes back

De acordo com estudos do Ministério da Saúde, a população gay e de homens que fazem sexo com homens (HSH) tem 11 vezes mais chances de contrair o vírus HIV do que a média dos homens heterossexuais. Enquanto, entre a chamada "população em geral” de 15 a 49 anos, a taxa de incidência é de 19,5 casos a cada 100 mil habitantes, a população gay e HSH contabilizaria 226,5 por 100 mil.


Desde o surgimento da aids, o movimento glbt batalhou para descaracterizá-la como doença gay. O título "paciente zero", atribuído a um comissário de bordo canadense que teria disseminado a doença em São Francisco, foi duramente criticado. Por anos, o perfil da doença foi mudando, o conceito dos "grupos de risco" foi perdendo a força e o hiv/aids deixou de ser a doença de drogados, gays etc.

De alguns anos para cá, depois de um crescimento considerável de casos de contaminação entre heterossexuais (na segunda metade do anos 90), as autoridades de saúde pública voltaram a chamar a atenção para os novos casos entre jovens gays. Em 2002, um surto de sífilis e gonorréia entre jovens homossexuais de Nova York alarmou as autoridades para o que viria pela frente e hoje se constata em números ainda imprecisos: os gays são novamente um grupo relevante no que respeita os novos contágios de hiv, com aumento de número de contaminados que varia de 70 a 85 % dos novos casos.

Com o surgimento dos arv's, as pessoas começaram a relaxar quanto à prevenção (afinal, o diagnóstico hiv+ não é mais uma sentença de morte, right?). Logo que começaram as notícias sobre os bug chasers, a volta do barebacking já era percebido até mesmo nas produções pornográficas gays, que desde os anos 80 eram um exemplo até mesmo para as produções heterossexuais pois todos os atores usavam camisinha ao menos nas cenas de penetração e não havia contato oral com o esperma. Hoje, as produções de barebacking são numerosas e já há um caso na Inglaterra onde alguns atores se contaminaram durante a produção de um filme. A ciência andou algumas casinhas para frente, mas o comportamento das pessoas mostra que estamos andando algumas casinhas para trás!

Obviamente, a luta contra o estigma de doença gay visava principalmente rechaçar o discurso do establishment moralista-religioso de igrejas cristãs e entidades pró-família blá blá blá, segundo o qual a doença seria um castigo pelo comportamento diabólico, anti-cristão blá blá blá. Uma coisa é um fato concreto: os gays são mais hedonistas e buscam o prazer sexual de forma mais intensa e inconsequente em saunas, quartos escuros etc. Outra coisa, é afirmar que a doença é um castigo divino e que os gays estão condenados ao inferno blá blá blá, até por que o que se poderia falar das lésbicas? Elas não são tão relevantes nas estatísticas porque seu pecado é menos grave? E as mulheres e crianças da África subsaariana, são condenadas pelo fato de serem negras e inocentes? O argumento religioso é uma piada, claro...

Portanto, vale ressaltar o seguinte: os novos casos estão concentrados em jovens gays que não testemunharam o terror causado pela doença nos anos 80 e início dos 90 (os casos entre gays mais velhos está caindo); adolescentes gays não procuram atendimento médico na rede pública por medo de preconceito; o surgimento dos arv's está encorajando a prática de sexo inseguro; entre os heterossexuais, as meninas respondem pela maioria dos novos casos.

Uma informação importante é que se prevê uma queda considerável na produção de novos medicamentos contra o hiv/aids. Depois do boom que testemunhamos nos últimos 15 anos, a perspectiva de grandes novidades é muito pequena e não se sabe no que isso pode resultar num prazo médio-longo. Os laboratórios já estão lucrando e não há novas grandes linhas de pesquisa que dêem esperanças de uma verdadeira cura.

Todos devem aderir aos meios de prevenção. Transar sem camisinha não pode ser prova de confiança e amor nem uma fonte de prazer imediato. Sexo sem camisinha pode ser bom, mas sem hiv é melhor!

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Enquanto isso em Roma...

O Papa Bento XVI, o papa do novo milênio, prega contra o uso da camisinha e o estilo de vida dos homossexuais...

A decadência moral, religiosa e política da igreja católica será corrigida com essa postura de sua autoridade máxima?

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