Os desafios e as barreiras que o hiv impõe aos seus portadores e às pessoas com quem se relacionam. Como é conviver com o vírus sem se fechar para a vida e o amor.
Amanhã é o Dia Internacional da Luta contra a Aids mas foi ontem que ganhei um presente lindo do meu namorado: estávamos na estrada para visitar uns amigos, eu dirigia e C. abriu uma revista para folhear chamando, em seguida, minha atenção para o seguinte anúncio:
"Um deles tem hiv. O outro sabe."
Com muita naturalidade ele expressou sua aprovação. E eu fiquei muito emocionado, pensando como é uma bênção estar com uma criatura tão especial.
Num posto anterior (clique aqui), eu já havia falado do tema da campanha deste ano: "Viver com aids é possível. Com o preconceito não." Agora, vendo com calma o site da campanha do Ministério da Saúde, eu me emocionei de novo. É realmente uma campanha de impacto, muito bonita e realista. Ponto para eles.
Neste vídeo, Vik Muniz colabora com um projeto incrível:
Que cada dia 1o. de dezembro traga mais e mais reforços nesta luta e que seja, cada vez menos, uma data para se lamentar as coisas ruins acontecem às pessoas que vivem com hiv e aids e seus familiares e pessoas próximas.
Sou daquele tipo de pessoa que pode gostar ou detestar um artista, seja cantor ator ou o que for, de acordo com a personalidade, o discurso e a postura dele. É assim que venho cultivando alguns desafetos nos últimos anos, pois está difícil admirar alguém no palco (ou na tela ou no cd) e fora dela. Caetano Veloso, coitado, é um desses que eu adoraria que só abrisse a boca para cantar e se calasse no resto do tempo (e parasse de cair tanto, nunca vi bicha maluca para viver caindo do e no palco). Seu discurso acaba me influenciando negativamente e não consigo mais ver o lado bom de sua arte. Uma pena. (Suzana Vieira, Regina Duarte e muitos outros estão no mesmo time.)
Annie Lennox é o caso oposto. Eu nem sei mais se continuo gostando de sua música por ser realmente boa ou porque tenho imensa boa vontade quando ouço sua voz. Admiro a artista e a pessoa, uma loura inteligente sempre com um discurso coerente e que faz soul music com grande competência, sem se vender (totalmente) para o mercado.
Ontem, 11 de novembro de 2009, Annie Lennox foi eleita MULHER DA PAZ 2009 por seu trabalho no combate à aids na África do Sul. Sua ong SING tem sido responsável por arrecadar e aplicar consideráveis somas de dinheiro na testagem e no tratamento de soropositivos, na educação sobre hiv e aids e na prevenção de novos contágios do vírus.
Annie foi premiada no 10th World Summit of Nobel Peace Laureates (a tradução horrorosa seria "10a. cúpula das pessoas contempladas com o Nobel da paz") e recebeu seu prêmio como o reconhecimento de seu trabalho e um estímulo a continuar agindo por um mundo melhor. Muito mais nobre do que sentar sobre seus louros e criticar o establishment de uma cobertura de frente pro mar, Annie mostra que é possível usar a fama e a visibilidade (conquistadas com seu talento, e não num reality show...) a favor de causas mais nobres do que contemplar o próprio umbigo.
Que seja parte do marketing pessoal dela e uma forma de reduzir a carga tributária sobre sua fortuna pessoal, isso não faz a menor diferença enquanto sua dedicação à causa sul-africana estiver beneficiando milhares de pessoas.