sexta-feira, 25 de março de 2011

Liz Taylor e a aids


A morte de uma grande atriz sempre causa uma certa comoção. Particularmente, não costumo me comover com a morte de celebridades, principalmente as que atingiram uma certa idade, que curtiram a vida a doidado e muito contribuíram para as artes e as manchetes de jornal. Mas Liz Taylor tem uma história que me faz sentir muito sua morte.
A começar pelo seu talento como atriz, que me surpreendeu quando assisti a "Quem tem medo de Virginia Woolf?" -- até então eu achava que ela era mais um rostinho bonito do que qualquer outra coisa. E que rosto bonito! Uma das belezas mais marcantes da história do cinema, sem dúvida.

Mas Liz Taylor foi muito mais do que isso. Ela fez uma grande diferença.

Ela promoveu o primeiro grande evento para arrecadação de fundos para o AIDS Project Los Angeles -- e isso foi em 1984! Durante a organização deste evento, ela soube que Rock Hudson, outro lindo do cinema, estava muito doente, na verdade, morrendo de aids. Um grande amigo e colega padecia do mal que assolava o mundo e causava pânico, horror e muito preconceito.
No ano seguinte, ela fundou a The American Foundation for AIDS Research (amfAR), juntamente com um pequeno grupo de médicos e cientistas. Ela usou seu nome e sua imagem para chamar a atenção dos meios de comunicação de massa para o problema da aids, ajudando nas campanhas de conscientização, prevenção e no combate aos estigmas da doença. E ao longo dos anos, atuou como porta-voz de centenas de milhares de pacientes de aids, desempenhando um papel fundamental num momento em que ninguém ousava ter qualquer ligação com a praga divina que veio castigar os drogados, promíscuos e homossexuais pelo seu estilo de vida pecaminoso. Liz ousou falar em público, em congressos internacionais, nas Nações Unidas, onde fosse necessário para que o mundo fizesse o que tinha que ser feito para amenizar o sofrimento dos doentes de aids e evitasse que a doença atingisse proporções calamitosas.
Não satisfeita, em 1991 ela fundou a The Elizabeth Taylor AIDS Foundation (ETAF) com foco na prestação de serviços de prevenção e cuidados de pacientes de aids.
Ou seja, Ms. Taylor era muito foda!
E sua morte encerra uma era em que ser estrela de Hollywood exigia muito mais talento e glamour do que as atuais atrizes de renome são capazes de suportar. Segundo Camille Paglia, Sharon Stone seria a grande exceção mas, ainda assim, a era de ouro das grandes divas do cinema se foi há muitas décadas e Liz Taylor foi uma das representantes mais emblemáticas do estilo de vida das grandes estrelas -- e com certeza foi uma das mais humanas.
Ao longo de todos esses anos, ela foi uma porta-voz importante, exigindo que políticos e a sociedade em geral se mobilizassem para o problema da aids. Ela usou seu nome e seu status de celebridade para ajudar a dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo, tendo arrecadado centenas de milhões de dólares para pesquisa, campanhas de prevenção, apoio direto aos pacientes de aids, entre outros.
Dame Elizabeth Taylor não deixa um vácuo porque sua obra e seus filmes perpetuarão seu trabalho. E ela fez o melhor para garantir que seu trabalho pela aids não perca a força com a sua ausência. Uma atriz formidável, uma pessoa incrível, uma mulher inesquecível.

terça-feira, 1 de março de 2011

Vacina reduz carga viral

Deu no G1

Brasileiros acham proteína que pode ser usada em tratamento contra Aids

Pesquisadores brasileiros conseguiram identificar uma proteína que vai ajudar a desenvolver no Brasil uma vacina para o tratamento da Aids. O trabalho foi feito por cientistas de três universidades no país: em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Pernambuco.
O tratamento desenvolvido com vacina terapêutica por pesquisadores das universidades federais de Pernambuco e do Rio de Janeiro e da Universidade de São Paulo não é preventivo, mas pode melhorar a qualidade de vida dos doentes. Dezoito pacientes já testaram a vacina e a metade deles teve a carga viral reduzida a quase zero.
Os pesquisadores quiseram saber porque um grupo de pacientes reagiu melhor à medicação do que o outro. A resposta está nos fatores genéticos. As células de defesa dos pacientes que mais reduziram a carga viral produzem uma quantidade maior de uma proteína específica, chamada NALP.
“O papel desta proteína no combate ao vírus da Aids é reconhecer o vírus e chamar a atenção de outras proteínas inflamatórias que geram a cascata de eventos moleculares, visando à destruição do vírus mesmo”, afirma Sérgio Crovella, professor da UFPE.
A partir da presença da proteína NALP nas células de defesa, os pesquisadores desenvolveram um marcador genético, que permite identificar quais os pacientes mais resistentes e os mais vulneráveis ao vírus da Aids.
A descoberta vai definir o critério de seleção dos doentes para os estudos e poderá melhorar a qualidade da vacina. O mais novo passo em direção à vacina terapêutica está sendo comemorado pela comunidade científica.
“Ajuda a gente a pensar melhor, a entender melhor o mecanismo da doença e da infecção, e a confecção mais inteligente da vacina”, diz Luiz Cláudio Arraes Alencar, afirma o pesquisador da UFPE.