"Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras".
Considero-me uma pessoa bem informada. Leio muito: blogs, livros, diversos sites de notícias nacionais e estrangeiros, uma revista semanal... e interajo com pessoas bem informadas, vejo documentários e noticiários, enfim, fico antenado em diversos assuntos e procuro me manter a par do que anda acontecendo pelo mundo afora.
Desde que me tornei poz, me dediquei a ler mais sobre o assunto e de tempos em tempos jogo no google "hiv cure" para saber o que há de novidades em pesquisas etc. Mas uma coisa que eu não consigo ler nem por um decreto é o que há de informação sobre a evolução do quadro clínico de hiv+, estatísticas de doenças relacionadas etc. Simplesmente me aterroriza saber a incidência de determinados tipos de cânceres que, por fatalidade ou uma piada cósmica de muito mau gosto, contribuem para tornar mais miserável a luta contra o hiv e pela vida.
Mas é inevitável cair nalgum blog ou site médico que informa sobre o assunto e eu fico entre fechar a janela e seguir contemplando o que desponta no horizonte dos hiv+. Lembro de todos os filmes que vi sobre o surgimento da aids e como a doença destruiu a vida de indivíduos, famiílias e comunidades e de histórias nada inspiradoras de pessoas que se negaram a se tratar como manda o figurino, como foi o caso da cantora israelense Ofra Haza que, apesar de negado pela família, manteve em segredo seu quadro e não buscou tratamento por vergonha ou sabe-se lá por quê. (Essa versão da história foi amplamente comentada na sociedade israelense, segundo um amigo meu de lá.)
Tentei ver "Angels in America", uma premiadíssima série de 6 capítulos feita para a tv e que contou com a participação de grandes nomes como Al Pacino, Meryl Streep, Emma Thompson, Mary Louise Parker e outros. Trata-se de um drama fantástico que retrata a vida dos homossexuais e pessoas atingidas pela aids em meados da década de 80 com direito a presença de anjinhos e outras gracinhas, mas nem posso falar muito mais a respeito porque não consegui passar do primeiro capítulo. Ainda voltarei a tentar, mas realmente não tive estômago nem cabeça para acompanhar uma dramatização quase desesperadora do que foi a doença no início e o que ela ainda traz às vidas das pessoas que convivem com ela.
É claro que é importante entrar em contato com a história da doença e poder conhecer o impacto que causou na vida das pessoas pelo mundo afora. Por isso vi alguns filmes e documentários, leio tantos blogs e pesquiso na Wikipédia sobre a vida de pessoas que se tornaram célebres justamente por sua luta contra o hiv, a aids e o preconceito. Mas ver uma cena com Al Pacino se negando a aceitar o diagnóstico do médico porque ele não poderia ter aquela doença de homossexuais e drogados é muito pouco perto da cena em que o cara descobre ser soropositivo, diz que está evacuando sangue e espera o momento de morrer sem saber se seu namorado (ou amante ou companheiro) ficará ao seu lado naquela luta -- e o conflito do segundo entre ficar e pular fora... Enfim, muito intenso para qualquer pessoa sensível e muito mais para quem convive com a questão mais intimamente -- correndo pelas próprias veias, eu diria.
Por isso, sei da importância de lutar pela qualidade de vida e manter o foco em projetos construtivos, o que inclui minha saúde. Mas como sou curioso mesmo, sei que vou sempre esbarrar nas más notícias, como essa que acabo de ler no BBC Health: a evolução do hiv dificulta o desenvolvimento de uma vacina, o que pode levar décadas para se tornar realidade, pois o vírus sempre estará um passo à frente.
Por isso, digo e repito: "Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras".
Um comentário:
caro colega, assim como você também vivo a procura de novas noticias, e quando vejo alguma noticia negativa a respeito dos hiv+, procuro ignorar, pois as mesma me deprime, fico angustiado muito triste e logicamente isso nao é bom.Quando leio alguma noticia sobre alguma nova descoberta que pode destruir o hiv, fico muito feliz e me encho de esperança. achando que um dia esse sofrimento vai acabar. um abraço. Renato sp
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